terça-feira, 23 de junho de 2015

Desarmamento: os argumentos mais estúpidos e como podemos utilizá-los em nossas vidas



Meus caros, eu gostaria de pedir a permissão de vocês para, usando de uma boa dose de sarcarmo, e quem sabe uma pitada de bom humor, debater alguns dos argumentos dos nossos difamadores desarmamentistas. Eles se utilizam de uma série de argumentos que realmente não tem nenhum sentido, pelo menos para nós (ou para pessoas com bom senso). Mas acontece que para eles (os desarmamentistas) esses argumentos fazem sentido!!!

Eles realmente acham que são as armas que matam pessoas, e não que pessoas matam pessoas! Eles realmente não acreditam no direito à Legitima Defesa, e se opõe a qualquer ação nesse sentido, acreditando que você deve realmente se entregar sem nenhuma reação ao bandido (ou melhor, à vítima da sociedade) e que este vai ter dó de você e de sua família, mas desde que você não faça nada de "errado", como por exemplo, chamar a Polícia para prendê-lo! Afinal, ele (o bandido) só está fazendo seu trabalho...

Sendo assim, eu resolvi explorar um pouco mais os argumentos usados por essa turma, e ver como eles se aplicariam se nós os expandíssemos para outras áreas da convivência humana. Da mesma forma que os desarmamentistas acreditam que as armas são as responsáveis pela violência (culpam o objeto pela ação humana), outros objetos também podem levar a culpa pelas nossas ações sem remorso! Olha aí a libertação verdadeira do ser humano! Você não tem culpa de mais nada, tudo é culpa dos objetos que te cercam e que de alguma forma "controlam" sua vontade, obrigando você a fazer coisas que você, na verdade, não queria! Eles, na frieza de suas existências - aparentemente - sem vida própria e sem vontade, na verdade nos dominam e nos obrigam a fazer coisas que não queríamos.Vejamos alguns exemplos.

Carros: Já que acidentes de carro tiram mais vidas do armas, começamos por aqui. Se as armas são as verdadeiras responsáveis pela violência urbana, nós podemos então entender que são os carros os culpados dos acidentes. Que ótimo! Assim, da próxima vez que eu bater meu carro, eu posso dizer pro outro motorista: "foi o carro!" Olha que fácil! Se eu for pego acima do limite de velocidade, também posso mandar essa:"o carro estava correndo muito (não era eu, era o carro que estava no comando)". Se você atropelar alguém então, tá fácil: " meu carro não gostou daquele cara! Não sei o que foi!"

Alimentação: gordinhos, prestem atenção nessa: vocês estão sendo manipulados por pratos e talheres há anos sem perceber. Isso mesmo: são os pratos fundos, esses malditos onde cabem muito mais comida do que você realmente precisa para se alimentar, os verdadeiros responsáveis pelo seu sobrepeso.
E os garfos então?? Fui a um restaurante onde tinha uns três tamanhos diferentes de garfos. Imaginando que eu tinha a obrigação de usar os três (senão os não-usados ficariam magoados), eu acabei comendo três vezes mais do que eu queria!
E aquela tal de Colher de Sopa, hein? Canalha dos talheres, ela só me faz comer bocados maiores que a minha boca! Acho que deveria existir uma proibição às colheres de sopa. Ou melhor: colheres restritas, somente para Forças Armadas. Para civis, colheres menores...

Celulares: o déficit de atenção nas escolas é culpa do celular! Claro! Eles mandam em nossas vidas. Desde que se tornaram mais espertos (ou melhor, smart) os celulares dominam nossas mentes e também a de nossas crianças. Não é responsabilidade deles (muito menos de seus pais): eles simplesmente obedecem às ordens dos celulares que os obrigam a checar as mensagens trocadas por outros celulares... não são outras pessoas enviando as mensagens, são somente os celulares fazendo isso pra nos prejudicar. Ou você achou mesmo que havia outra pessoa teclando do outro lado?

Cartões de Crédito: ahhh a invenção mais malévola da humanidade (depois das armas, é claro). Os cartões tem o poder maligno de tomar conta da sua mente de forma que você se tornará um consumidor desmedido, desenfreado e sem capacidade de fazer contas matemáticas simples. E você comprará! Ah sim, você comprará e muito! Não é você que tem problemas, é o seu cartão de crédito que está fazendo isso com você.

E por aí vai: se você é sedentário, a ponto de que isso prejudique sua saúde, a culpa é da televisão ou do sofá, ou de ambos. Se você foi mandado embora por ficar horas e horas no Facebook, a culpa é do computador, não é sua! Se você cair da escada, claro que a culpa é da escada!

Por essa linha de raciocínio, nós seres humanos nos livramos de todo o sentimento de culpa que nos acompanha desde o início dos tempos. Tudo é culpa dos objetos.

Modo Sarcástico off: claro que isso não é verdade! Você não engorda por vontade do prato, nem bate o carro por vontade... do carro! Nem faz compras porque o cartão de crédito mandou, e sim, tem alguém no outro celular te mandando aquilo, e por aí vai...

A responsabilidade das ações humanas é única e exclusivamente do homem e/ou da mulher que as cometeu. Quando será que vamos acordar para esse fato tão simples e inegável da vida? Ou vocês acham que se nós proibíssemos pratos fundos, teríamos menos pessoas obesas? Proibindo carros, teríamos menos acidentes, e proibindo cartões de crédito teríamos a economia pessoal em dia. Ninguém jamais morreu ao cair de um cavalo e nunca se ouviu falar em dívidas antes da invenção do cartão de crédito não é?

Na realidade, o que me parece é que no Brasil, estamos tentando criminalizar a Legítima Defesa. Primeiro as armas, agora até as facas estão no rol de objetos demonizados. Daqui a pouco, alguém vai dar uma martelada na cabeça de algum bandidinho, e pronto: mais um brilhante projeto de lei proibindo martelos para pessoas "não autorizadas a utilizar martelo, ou que não tenham provado sua real necessidade de um martelo".

Aliás, aquela martelada que eu dei em meu dedo... será que não foi culpa do martelo, não?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Entendendo a Balística Externa - Parte 2




O workshop de Carabinas de Pressão está sendo montado e estamos montando a primeira turma. Se você tem interesse em participar, deixe seu nome e contato nos comentários, ou mande por inbox no Facebook.

Vamos voltar agora ao tema da Balística Externa. Na parte 1, vimos os efeitos da Gravidade sobre a trajetória e como ler as tabelas balísticas. Hoje vamos entender um pouco mais sobre a resistência do ar.

Arrasto

Todo o objeto que se move em uma massa de fluido encontrará uma resistência opondo-se a esse movimento. Vencer essa resistência depende de vários fatores, entre eles a forma. Projéteis inicialmente eram somente esféricos, e com o passar do tempo se tornaram ogivais, e depois se tornaram "pontudos" (ou "spitzer"), com o objetivo de assegurar uma menor resistência contra o ar. Essa capacidade de "furar" o ar com maior ou menor grau de dificuldade é normalmente mensurada através do Coeficiente de Arrasto.

O valor do coeficiente de arrasto pode ser calculado assim:

c_\mathrm d = \dfrac{ 2F_\mathrm d}{ \rho v^2 A}\,

Onde Cd = Coeficiente de arrasto

Fd = Força na direção do movimento
\rho\, = densidade do fluido (no caso, o ar)
v\, = velocidade do projétil
A\, = área equivalente

Portanto, a desaceleração do nosso projétil em voo vai depender desses fatores. Se o ar estiver, por exemplo mais denso (um dia mais frio, por exemplo), a desaceleração será mais acentuada.

Reparem porém que o arrasto é inversamente proporcional ao quadrado da velocidade, o que significa que um mesmo projétil, se disparado a duas velocidades diferentes, apresentará desacelerações diferentes. Ou seja, quanto mais rápido o tiro, maior a resistência do ar, e portanto, mais difícil vencê-lo.

Coeficiente Balístico

O BC é uma medida que combina três fatores em um: a massa, o diâmetro e o coeficiente de arrasto em um só número. Existem várias fórmula para calculá-lo, e uma das mais simples e didáticas é:

BC_{Projectile} = \frac{m}{ d^2 \cdot i} 

Onde:
m= massa
d = diâmetro do projétil
i = coeficiente de forma

Esse coeficiente de forma é calculado de diversas maneiras, incluindo-se o G Model, o qual compara as formas de diferentes projéteis contra um "projétil-padrão". A forma é importante, na medida em que isso serve para diferenciar projéteis com alto arrasto, como pontas canto-vivo, daqueles com baixo arrasto, como spitzers, e também bases planas de bases boat-tail.

Portanto, quanto maior é o BC de um projétil, melhor é sua capacidade de "perfurar" o ar, e portanto menor será sua desaceleração em voo.



Tabelas, tabelas, e mais tabelas...

Voltem um pouco os olhos para as duas fórmulas e reparem que o BC depende do Cd, e este depende da velocidade. Ou seja, o BC varia com a velocidade. Sabemos que ao longo de toda a trajetória do projétil em voo, a sua velocidade estará diminuindo. A que velocidade portanto devemos calcular um BC?

Isso é chamado de "natureza transiente" do coeficiente de arrasto, ou seja, ele varia de acordo com a velocidade, e portanto somente será verdadeiro em um velocidade e em um determinado ponto da trajetória onde essa velocidade foi tomada . Para calcular com precisão absoluta o BC, é necessário utilizar radares Doppler para acompanhar a trajetória do projétil, o que claramente não está ao alcance de um atirador comum. Nós pobres mortais lançamos mão de valores coletados em tabelas, geralmente feitas pelos próprios fabricantes, que nos dão um valor de BC para cada projétil como se fosse um número fixo. Na verdade não é, mas é aproximado para as velocidades nas quais aquele projétil foi projetado para ser utilizado.

Já escrevi sobre isso em outro post, mas você deve se lembrar do propósito de uso do BC, antes de mais nada. O BC servirá para você dizer ao software balístico qual é a sua forma - ou melhor, sua resistência ao ar - e com isso ele calculará a desaceleração e aproximará uma trajetória. Esta não será nunca exatamente igual à real, porque entre outras coisas você não está colocando nesse software dados precisos sobre a densidade do ar, por exemplo. Sendo assim, sempre será uma estimativa.

Efeito prático da resistência do ar

Na prática, a resistência do ar causa uma desaceleração maior ou menor no projétil durante seu voo. O efeito mais imediatamente sentido pelo atirador é o da mudança do ponto de impacto. Num dia, sua arma está perfeitamente ajustada, e no dia seguinte não está mais... o que teria acontecido.

Ora, como vimos, até a densidade do ar, afetada pelas condições meteorológicas, vai mudar seu tiro. Isso é especialmente sentido à longas distâncias, pois as diferenças serão mais notáveis. Por isso, não fique tão frustrado quando chegar ao estande de tiro e verificar uma mudança do ponto de impacto. Apenas ajuste a sua mira. Não há nada de errado com seu equipamento.

BC para Chumbinhos Diabolô

Se você nunca viu uma tabela de BC para chumbinhos, aqui você encontrará uma. Repare bem que, enquanto projéteis de fuzis tem BC que vão de 0,1 à 0,9, os chumbinhos tem números bem inferiores. Isso se deve em parte ao formato, mas em parte também devido ao baixo peso (massa), que como vimos, entra no cálculo do BC.

Na próxima parte, veremos os efeitos do vento sobre o projétil, e como podemos lidar com ele durante os tiros, especialmente de longa distância.

Até lá.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Video: Pistolas de Ar e Airsoft

Novo Video, pistolas de ar e airsoft:


Se você tem pistolas, compartilhe com a gente. Se gostou do video, se inscreva no canal.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Entendendo a Balística Externa - Parte 1





Antes de entrarmos no assunto propriamente dito, deixe-me comentar que estou montando um workshop de carabinas de pressão. Nele vamos tratar sobre diversos temas técnicos, mostrar e atirar com carabinas de diversos sistemas (Mola, PCP, etc), ensinar como melhorar seu desempenho como atirador e muitas outras informações. Interessados deixem seu contato nos comentários deste blog ou via inbox no Facebook.

Nesta parte 1, apresento os conceitos básicos do que é Balística Externa. É um assunto interessante, mas bastante técnico e aprofundado, e pretendo esclarecer em uma linguagem que seja apropriada para que nossos leitores (que não são técnicos nem engenheiros) a entendam. Como Engenheiro que sou, sei que não vai ter jeito de fugir das leis da Física e vez por outra, uma fórmula ou um gráfico vai aparecer aqui e ali, mas espero que isso não os canse demais. Se você ainda não saiu da Escola, esse é um bom momento para prestar mais atenção nas aulas de Matemática e Física. Se já saiu, e bater aquele arrependimento, só me resta dizer: valorize mais os Professores!

Definição

Balística Externa, ou Exterior, é o estudo do comportamento de um projétil não-propelido em voo, ou seja, é a ciência relacionada a tudo o que acontece com o projétil entre a saída pela boca do cano até seu contato com o alvo. Apenas para lembrar, as outras duas partes do estudo da Balística são a Interna (tudo o que acontece antes do projétil deixar o cano, ou seja, ainda dentro da arma) e a Terminal (tudo o que acontece após o contato do projétil com seu alvo). Normalmente associamos Balística à armas de fogo, mas também se aplicam a outros projéteis, como flechas, bolas, e até satélites em reentrada na atmosfera.

Para entender a Balística Externa, precisamos primeiramente conhecer as forças que atuam sobre o projétil durante seu voo. As três principais forças atuantes são a Gravidade (g), o arrasto e o vento (se houver). A Gravidade vai puxar o projétil para baixo, fazendo com que a trajetória seja uma parábola, enquanto o arrasto causa uma desaceleração por conta da resistência do ar. O vento, se estiver presente, pode alterar a trajetória durante uma parte ou a totalidade de seu voo.

É importante notar que, se pensarmos em distâncias médias ou longas, outros fatores podem estar presentes além destes três, como por exemplo, o ângulo vertical da trajetória (para cima ou para baixo), a densidade do ar (que pode ser diferente em trajetórias muito longas), e efeitos como Giroscópio (Spin), Efeito Magnus e Efeito Coriolis, apenas para citar alguns. Para não complicar nossa leitura, vamos inicialmente nos concentrar em entender o básico primeiro, ou seja, o efeito da Gravidade.

Estabilidade e trajetória

Atiradores modernos tem conhecimento dos efeitos do giro estabilizador provocado no projétil pelas raias, mas vou explicar um pouco mais, sem entrar no âmbito da Balística Interna. Um projétil como uma flecha é estabilizado em voo pelas penas que atuam na cauda, forçando o Centro de Pressão a ficar atrás do Centro de Gravidade, o que explica em parte sua capacidade de girar em voo. Num projétil de fuzil ou carabina, o CP está a frente do CG, e isso é um desestabilizador. As raias helicoidais presentes no cano forçam-no a girar em voo, corrigindo a estabilidade e vencendo o problema do CG à frente do CP.



Especificamente no caso de carabinas de pressão que utilizam projéteis do tipo Diabolo, acinturados, além do giro causado pelas raias, existe ainda o efeito de pressão na parte de trás, o que força o CP para trás do CG, e portanto colabora para a estabilidade durante seu voo. Durante o tiro, as carabinas de pressão não conseguem gerar a mesma energia de aceleração que uma arma de fogo, e por isso não conseguem imprimir aos projéteis a mesma taxa de giro. Portanto, além de diminuir o atrito com o cano, o formato peculiar dos chumbinhos também tem um efeito aerodinâmico de pressionar o CP para trás do CG, estabilizando o projétil. Daí a importância deste desenho.

Para o nosso estudo, a estabilidade é importante pois sem ela nós não teríamos como predizer o comportamento em voo de um projétil. Se instável, sua trajetória será quase aleatória, ou melhor, terá tantas influências causadas pela instabilidade que será quase impossível determiná-las e quantificá-las corretamente.

Efeito da Gravidade sobre a trajetória

Qualquer projétil começa a sofrer os efeitos da Gravidade a partir do momento em que deixa o confinamento do cano. A partir daí, ele sempre será puxado para baixo. Por isso, de modo a atingir um alvo distante, o cano deve ser apontado para cima, em uma linha que diretamente não aponta para o alvo, mais sim para um ponto acima deste, e que chamamos de linha de saída ou de partida (line of departure). Por definição, bullet drop (queda do projétil) é definida como sendo a distância vertical entre a linha de partida e a trajetória do projétil em qualquer ponto do voo. Mesmo quando essa linha é apontada para baixo (no caso de um ângulo vertical negativo), ainda assim o projétil vai continuar a cair a partir da saída do cano.



É importante não confundir isso com a linha de visada, ou seja, com a linha entre as miras, o alvo e os olhos do atirador. Como nós não fazemos mira através do centro do cano, mas acima dele e em um ângulo que compensa a parábola descrita pelo projétil, nos acostumamos a referenciar sempre à linha de visada, e a linha de saída do cano tem pouca utilidade, a não ser para o cálculo de outros parâmetros.

O Caminho da Bala

Como o projétil está sempre caindo, nós intuitivamente sabemos que temos que apontar para cima de modo a que ele, a uma certa distância, tenha caído apenas o suficiente para acertar nosso alvo. Fazemos isso utilizando um aparelho de pontaria que está normalmente situado acima do cano em um leve ângulo em relação ao cano. Isso equivale a dizer que nosso projétil iniciará sua viagem abaixo de nossa linha de visada, e em algum momento irá cruzá-la duas vezes. Na primeira, próxima de nós, ela estará ainda subindo (na verdade, em relação à linha de partida, está sempre descendo), e continuará a fazê-lo até atingir seu ponto mais alto e então começará a cair novamente, até chegar ao solo. Do chão não passa (espera-se!).

Esses dois pontos de cruzamento entre a visada e a trajetória são de fundamental importância para o atirador. Eles determinam o zero, o seja, a distância exata no qual nossa linha de visada corresponde à queda do projétil. O primeiro chama-se zero inicial (Near Zero), e o segundo chama-se zero afastado (Far Zero). Se medirmos a distância vertical entre a trajetória do projétil e a linha de visada podemos determinar com exatidão o caminho percorrido pelo nosso projétil durante seu voo, e é popularmente conhecido como "o caminho da bala". Antes do zero inicial, essa distância vertical é negativa (abaixo da visada), entre os zeros inicial e afastado ela será positiva (acima da visada), e após o zero afastado será negativa novamente (abaixo da visada).

Obviamente, se alterarmos a nossa linha de visada, os parâmetros de zeros serão diferentes, mas a trajetória do projétil muda muito pouco. Em relação à linha de saída do cano (departure line), considerando-se sempre a mesma velocidade de saída, a trajetória do projétil muda muito pouco, a não ser em ângulos extremos. O que muda é o caminho feito em relação à linha de visada.

É importante entender isso para que possamos seguir adiante. Quando você altera sua mira, está alterando a sua visada, e consequentemente o ângulo do cano em relação à visada. Mas o projétil, se mantida a mesma velocidade de saída, continuará a descrever a mesma trajetória em relação ao ângulo de saída do cano.

Dessa forma podemos agora entender como ler as tabelas balísticas publicadas pelos fabricantes de munição.

Range0100 yd
91 m
200 yd
183 m
300 yd
274 m
400 yd
366 m
500 yd
457 m
Velocity(ft/s)2,7002,5122,3312,1581,9921,834
(m/s)823766710658607559
Zeroed for 200 yards/184 m
Height(in)−1.52.00−8.4−24.3−49.0
(mm)−38510−213−617−1245
Zeroed for 300 yards/274 m
Height(in)−1.54.85.60−13.1−35.0
(mm)−381221420−333−889

Nesse caso, a duas primeiras linhas mostram, em pés/seg e em metros/seg, as velocidades alcançadas a varias distâncias. Após, o caminho com um zero (afastado) de 200 jardas (184m) e com zero de 300 jardas (274m). As trajetórias, em relação à linha do cano, são as mesmas. O que mudou foi o ângulo do cano em relação à linha de visada.

Veja a figura abaixo:


Ela mostra três linhas de trajetórias para uma mesma carga (no caso, um .308Win). Apenas considerando-se as duas linhas de baixo, pode-se ver claramente que elas são quase iguais, apenas estão em ângulo diferente, e por isso, em relação à visada (a linha demarcada como zero no gráfico), as distâncias verticais são diferentes. 

A terceira linha, mais acima, mostra o que acontece com um ângulo mais extremo. Neste caso, temos uma conjunção de forças um pouco diferente em ação, o que será explicado em um futuro post. Por enquanto, vamos nos ater somente à situação, digamos, mais normal de tiro, ou seja, um tiro horizontal.

E por que então um projétil mais rápido tem trajetória mais achatada do que outro mais lento? Ora, porque a Gravidade tem mais tempo de atuar sobre um projétil mais lento. Sendo assim, quanto mais rápido, menos efeito da Gravidade o projétil sofrerá. Isso causa o achatamento da trajetória, que chamamos de "trajetória tensa". Projéteis mais leves tendem a ser mais rápidos, e por isso é que suas trajetórias são mais retilíneas que outros mais pesados.

Entendido o efeito da gravidade sobre o nosso projétil em voo, no próximo post, vamos entender um pouco mais sobre o arrasto, a resistência do ar. Vamos entender o que é coeficiente balístico e como ele afeta nossos cálculos. Depois veremos os efeitos do vento, e outros efeitos que afetam tiros à longas distâncias.

Se você ficou com dúvida ou quer esclarecer melhor alguma coisa, deixe sua pergunta nos comentários. Eu não sou nenhum doutor em Balística, mas vou fazer o melhor que posso para sanar sua dúvida.

Até mais.



sexta-feira, 5 de junho de 2015

Qual é o Máximo Alcance Efetivo de Minha Arma de Pressão?



Em inglês, usa-se o termo "point blank range" para duas situações distintas entre si: uma é a de um tiro a curta distância, aquele impossível de errar, e que seria traduzido em português como "à queima-roupa".

Outro uso porém está ligado à máxima distância dentro da qual um projétil ficará, ao longo de toda a sua trajetória, dentro de um limite acima e abaixo da linha de tiro. Em termos práticos, é a distância dentro da qual o tiro irá acertar um lavo de um certo tamanho sem que sejam necessárias correções na visada.

Observe o gráfico abaixo:



Neste exemplo, um atirador está tentando acertar um alvo de 6 polegadas de diâmetro. Ele portanto não quer que seu projétil suba mais que 3 polegadas acima da linha de visada, nem que ele caia abaixo de 3 polegadas. Sendo a sua linha de visada mais alta 1.5 polegada do que o centro do cano, sabe-se que desde o primeiro momento o projétil já está dentro dos limites.

Como determinar isto? Usando um moderno sistema de cálculo balístico (como o Chairgun) é fácil determinar a trajetória se você conhece a velocidade inicial e o coeficiente balístico de seu projétil. O Chairgun ainda tem a grande vantagem de ser apropriado para carabinas de ar (o que nem todos são), então se você está lendo este blog com um interesse em carabinas de ar, ele é um dos melhores do mercado.

O único senão nesta explicação está no fato de que nem sempre sabemos a velocidade exata de nossas armas (por isso recomenda-se o investimento em um cronógrafo), nem sabemos calcular exatamente o BC de nossos pellets (que variam com a velocidade). Como posso então fazer os cálculos de um jeito "caseiro" e sem grandes somas investidas?

Tem um modo relativamente simples. Desenhe em uma folha de papel 5 circulos de um tamanho compatível com suas necessidades. Por exemplo, circulos de 1 polegada de diâmetro. Desenhe-os todos na horizontal.

Agora, posicione o alvo a uma distância relativamente curta. Por exemplo 20m, e atire no segundo círculo a essa distância. Atire pelo menos 5 disparos apoiado e zere a luneta exatamente no centro do alvo a essa distância. Tendo feito isso, traga o alvo a uma distância menor, digamos 10m, e atire no primeiro alvo. Após, leve o alvo aos 30m e atire no terceiro círculo, depois à 40m e atire no quarto e por último atire à 50m no quinto alvo. Em todas as distâncias, mantenha a visada exatamente no centro do alvo e não se preocupe onde os seus tiros cairão em relação à visada. Ou seja, não conpense de forma alguma.

Ao final, você poderá traçar uma trajetória passando pelo centro dos agrupamentos entre 10 e 50m. a linha de alvos fará o papel de linha de visada e seus impactos vão lhe mostrar qual a variação a cada distância. Lembre-se de que, como a linha de visada está mais de uma polegada acima do cano (normalmente), é esperado que o primeiro grupamento seja abaixo do alvo.

Determinando esta trajetória inicial, verifique onde está o ápice, o ponto mais alto da trajetória. Pode ser que as distâncias inicialmente previstas não sejam as mais adequadas e você tenha que refazer o teste em outras distâncias, mas ele terá o mesmo procedimento entre 10 e 50m ou entre 5 e 25m. Determine o ápice e quanto ele está acima da linha de visada, medindo a partir do centro do grupamento.

Com esta informação, é fácil você estimar onde está o zero ideal para a sua combinação carabina/luneta/chumbinho. Basta você ajustar para que o ápice fique dentro dos limites que você escolheu (no nosso exemplo, 0.5 polegada acima da visada) e repetir o teste para verificar onde o sua trajetória cruza com a linha de visada.

Acredite, é mais difícil explicar do que fazer na prática. Tente, e depois comente aqui os resultados. Claro que se você tiver acesso à um programa como o Chairgun, tudo fica mais fácil pois ele calcula tudo para você. Mas tenha em mente que outros fatores não computados podem afetar seu tiro, e por isso, nada como uma demonstração prática para tirar a teima.

Faça o teste. E bons tiros.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Potência X Precisão

... e o nosso novo canal no You Tube!

Já faz algum tempo que venho pensando em fazer alguns vídeos para complementar os textos do Blog. Nessa semana, a ideia saiu do papel e conseguimos produzir nossos primeiros videos.

Além desse canal, a gente também está com uma página no Facebook. Acesse https://www.facebook.com/airsoftcarabinasdear , tudo o que a gente divulgar aqui vai também ser publicado lá.

Nessa semana, o tema é Potência X Precisão. Veja o video, clique em "gostei" e se inscreva no canal. A Gente pretende subir um video novo por semana. Esperamos os comentários de vocês sobre quais temas querem ver tratados aqui. Se tiverem perguntas, vamos tentar respondê-las através deste canal.