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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Video: Pistolas de Ar e Airsoft

Novo Video, pistolas de ar e airsoft:


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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Pneumáticas Multi-pump


A Crosman M4-177 é uma "réplica" da Colt M-4, apenas que usando o sistema multi-pump pneumático. Versatilidade total em uma leve carabina de ar.

Poucos são os colegas atiradores, pelo menos entre os frequentadores dos clubes de tiro de que eu sou associado, que atiram com carabinas de ar. Dentre estes, a imensa maioria atira com armas de pistão e mola. Uns poucos investiram mais e atiram com PCPs, mas são minoria, devido ao custo mais alto deste sistema, além do fato de exigir acessórios igualmente caros, como cilindros e/ou bombas manuais. Porém nem só de pré-carregadas vivem as pneumáticas: raríssimos são os atiradores de pneumáticas multi-pump ou single-pump.

No Brasil, as pneumáticas sempre foram desprezadas. Na década de 1990, com a abertura das importações, algumas Crosman e Daisy foram trazidas mas sua aceitação pelo público sempre foi menor do que, por exemplo, nos EUA, onde essas armas são a porta de entrada da imensa maioria dos atiradores juvenis. Sim, a primeira arma de pressão de um jovem americano costuma ser uma multi-pump e não uma arma de mola, como aqui.

Os primeiros modelos trazidos nessa época para o Brasil eram desses modelos juvenis. Bastante leves, e feitos em polímero (plástico), esses modelos dão a impressão de se tratar realmente de um brinquedo, mais do que de uma arma. Mas a verdade é que uma multi-pump pode ter uma potência bem maior do que se pode presumir pelo seu jeitão de "brinquedo". Algumas são potentes o suficientes para serem usadas na caça de pequenos animais.

Uma das armas objeto deste post já se tornou conhecida dos brasileiros, mais pela sua aparência do que por suas vantagens técnicas. A Crosman M4-177 é inspirada na famosa Colt M4, utilizada pelo Exército dos EUA (e aqui no Brasil utilizada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro e pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha). Não chega a ser exatamente uma réplica, mas é suficientemente parecida a ponto de ser confundida por olhos menos atentos.

Extremamente leve, a arma apresenta corpo em polímero e coronha retrátil, bem ao estilo M-4. A versatilidade desta arma está justamente no fato dela se adaptar bem à diferentes situações sem qualquer modificação: pode-se atirar dentro de um apartamento com apenas 3 bombadas e atirar a maiores distâncias com o máximo recomendado de 10 bombadas. Também tem os costumeiros trilhos para lunetas e red-dots, mas com uma grande vantagem em relação aos seus congêneres de pistão-e-mola: ela não tem nenhum recuo.

Outra arma muito interessante nesse sistema é a pistola Zoraki HP-01 (conhecida nos paises de lingua inglesa como Webley Alecto). A Zoraki permite tiros variando de uma à três bombadas, o que praticamente duplica sua velocidade. Mais uma vez, é uma arma extremamente adaptável justamente por isso.


Ao lado de duas armas Taurus, um revólver M-44 .44 Magnum e uma PT-945 .45ACP, a pistola Zoraki é uma das melhores opções entre as armas curtas pneumáticas.

Como todas as armas pneumáticas, sejam elas pré-carregadas, multi ou single pump, elas não tem recuo pois quase não há peças móveis no ciclo de disparo. Há apenas a liberação do ar sob pressão atrás do chumbinho. A diferença entre uma PCP e uma Multi-Pump é que nesta última todo o ar acumulado em sua câmara (reservatório) de ar é liberado a cada tiro, enquanto na PCP apenas uma parte é liberada, podendo-se dar mais de um tiro com uma só carga de ar. Mas, ao final desta, uma nova carga de ar deve ser colocada, e se você estiver usando uma bomba manual, verá que a diferença entre uma Multi-Pump e uma PCP está apenas no momento em que se faz o bombeamento. Ou você dá 3 à 10 bombadas a cada tiro, ou dá 100 bombadas seguidas por vários tiros.

Muitas pessoas perguntam se uma Multi-Pump pode ser tão potente quanto uma PCP. Em teoria sim. Porém o sistema todo deveria ser muito mais robusto (e pesado) para que o reservatório contivesse ar suficiente para dar um tiro mais potente. Não é a toa que as bombas manuais são acessórios caros. Por outro lado, você tem todo o sistema junto das suas mãos em uma Multi-pump, enquanto as PCPs sempre vão exigir acessórios externos.

Se você sempre sonhou em tiros sem recuo, mas não quer investir tanto como numa PCP, considere uma Multi-Pump. Pode lhe parecer em princípio que há muito esforço envolvido para bombear várias vezes a cada tiro, mas isso na verdade é irrelevante, pois o esforço é pequeno, muito menor do que o requerido numa PCP com bomba manual.

Abraços e bons tiros.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Como atirar bem com sua Carabina de Pressão



Fato: a maioria dos atiradores acredita que se deve atirar com carabinas de ar e de fogo do mesmo modo. Erro clássico que leva à decepções, falta de interesse e geralmente em generalizações, do tipo "carabina de pistão-e-mola não são precisas".

É uma pena, pois muita carabina de ar por aí, de potência apenas mediana, é capaz de atirar muito melhor de que carabinas .22LR. Até bem pouco tempo atrás, se competia em alto nível usando  apenas carabinas de pistão-e-mola, e não estou falando de Gas Rams...

Existem alguns fatores a considerar quando você vai atirar com uma carabina de ar, especialmente as de pístão-e-mola, mas que também valem para todos os tipos de mecanismos. Como a imensa maioria das carabinas de ar vendidas no mundo são do tipo pistão-e-mola e de cano basculante (break-barrel),  é nesse tipo de ação que vou me concentrar neste post, mas lembre-se que muito disso também é válido para outros mecanismos.

O que é precisão?

Primeiramente, vamos nivelar nosso vocabulário. Precisão e exatidão são dois termos que, se olharmos em algum dicionário, você verá serem usados como sinônimos. Mas, na Engenharia (eu sou Engº Mecânico de formação), os termos têm aplicações técnicas distintas.

Precisão (Precision) é definida como sendo a proximidade de uma medição em relação à outras medidas tomadas. Ou seja, o quão próximos entre si estão vários valores medidos.

Exatidão (Accuracy) é a proximidade de uma medida em relação a um valor de referência.

Essas definições valem tanto para medições de peso feitas em um laboratório quanto para resultados de nossos tiros em alvos de papel.

Veja a imagem abaixo.



O primeiro alvo da esquerda mostra alta precisão e alta exatidão, ou seja, os tiros estão todos no centro e todos muito próximos entre si. Já no segundo alvo, a precisão continua alta, mas a exatidão não, pois os tiros caíram fora do centro (valor de referência). No terceiro, os tiros estão mais dispersos, porém continuam centrados ou seja, baixa precisão, mas alta exatidão. Por fim, no último alvo da direita, temos alta dispersão e fora do centro, ou seja, baixas precisão e exatidão.

Como atiradores, intuitivamente sabemos que, ao encontrar um alvo como o segundo (alta precisão-baixa exatidão), basta ajustar as miras e você terá o resultado ideal, portanto, um bom grupamento é essencial (alta precisão). Um situação como a exemplificada no terceiro alvo não é a ideal, pois a dispersão indica uma variabilidade de resultados que podem nos levar ora a acertar bem no centro do alvo, como também acertar bem longe deste. Daí a importância dos grupamentos bem fechados e pequenos.

Portanto, quando falamos aqui em precisão, é isso que estamos buscando: grupamentos pequenos, sem necessariamente importar o local do alvo onde ele esteja. Um alvo como o segundo, nesse exemplo, para nós é em princípio, suficiente. Depois veremos os fatores que afetam a exatidão, e que podem surpreender a muitos.

Tolerância

Ainda resgatando minha experiência como Engenheiro, deixe-me explicar um pouco sobre o que é tolerância. Toda a peça técnica é desenhada tendo um conjunto de medidas que a descrevem para quem for fabricá-las. Produzir essa peça com medidas exatamente iguais às do desenho é possível, mas provavelmente será muito caro. Por isso, aceitam-se variações dessas medidas, para mais ou para menos. Isso é chamado de tolerância.

Pegue por exemplo um cano. Um diâmetro é especificado como sendo de 6,01mm +/- 0,01. O que significa isso? Que esse cano pode ter uma medida variando de 6,00mm até 6,02mm. Qualquer medida fora desses valores e a peça não será aprovada. Claro que, quanto mais apertada forem as tolerâncias, maior será a dificuldade de produzir peças dentro dos valores especificados.

Isso é um dos indicativos do porque certas armas do mesmo fabricante e do mesmo modelo e calibre apresentam resultados diferentes entre si. Quanto maiores forem as tolerâncias permitidas pelo fabricante, maior será a diferença entre o desempenho delas.

Se você pensar que também as munições foram produzidas tendo uma faixa de tolerância, fica fácil entender o que está acontecendo quando você testa um novo tipo de chumbinho, por exemplo. Se seu cano tinha (para continuar no exemplo acima) 6,02mm de diâmetro interno, e o chumbinho comprado por você tinha 6,00, a folga existente não permitirá que ele se ajuste ao cano e sua precisão provavelmente não será boa o bastante.

Claro que o exemplo acima é apenas didático, e as tolerâncias de peças como canos e projéteis são muito mais fechadas, e isso é parte do segredo industrial de cada fabricante, portanto você não encontrará essa informação facilmente no Google.

Agora que entendemos o que é Precisão, Exatidão e Tolerância, podemos começar a avaliar os fatores que direta ou indiretamente afetam nossos tiros.

Fatores que afetam a precisão

Normalmente eu identifico cinco fatores que afetam a precisão e exatidão do tiro numa carabina de ar. Estou aqui me referindo somente aos fatores internos da carabina, e não vou aqui comentar sobre a balística externa, ou seja o que acontece com o projétil depois que ele sai do cano até que ele chegue ao seu alvo. Vamos nos concentrar primeiro na balística interna, ou seja tudo o que acontece entre o premir do gatilho até que o projétil deixe o cano. Há ainda a balística terminal, que trata do que acontece a partir do momento em que o projétil toca o alvo até sua parada completa.

Qualidade do Cano: Já vimos que as tolerâncias de fabricação são um fator chave, mas a qualidade de um cano não está somente em ter tolerâncias apertadas, mas também a uniformidade do diâmetro, do raiamento, da coroa (a "boca" do cano, onde termina o raiamento). Somente quanto ao raiamento, podemos afirmar que parâmetros como a profundidade das raias, o passo do raiamento e o acabamento (se mais rústico e com cantos vivos ou mais arrendondado e polido) todos afetam o tiro. E tem ainda as medidas da câmara, o alinhamento desta com o cano, a profundidade, o ângulo do cone de forçamento, etc, etc, etc... É longa a lista.

Qualidade e Tipo do Chumbinho: Todos os que leram qualquer linha a respeito devem ter tropeçado em artigos sobre a seleção de chumbinhos. A variedade é enorme, e saber qual chumbinho vai se dar melhor com aquele cano que está montado na sua arma é um senhor desafio. Isso porque as variações inerentes à produção de um cano se multiplicam na produção de milhões de chumbinhos. Obviamente que, produzir esses milhões de chumbinhos com tolerâncias apertadas tem um alto custo. Posso concluir que um chumbinho mais caro deve ter um desempenho melhor, certo? Não necessariamente, pois o fabricante pode ter definido as medidas destes chumbinhos e serem incompatíveis com as tolerâncias do seu cano. Por isso, não fique chateado, mas você pode sim comprar um chumbinho bem caro e não ter resultados bons em sua arma, o que não significa que este seja um produto de baixa qualidade.

Vibração no Ciclo de Tiro: Esse é um fator que afeta especialmente as armas de pistão-e-mola. As armas pneumáticas, sejam elas PCP ou Multi/Single Pump tem alguma vibração e recuo, mas é quase imperceptível ao atirador, devido ao peso da arma em relação ao peso do projétil. Então vamos nos concentrar no que acontece com armas de mola. O problema todo se resume a um fato: quando você puxa o gatilho, este desarma um pesado pistão que é impulsionado por uma pesada mola. Todas essas peças grandes e pesadas estão em movimento antes que o chumbinho sequer comece a se deslocar. Ou seja, até que ele saia do cano, a vibração da arma estará influenciando a trajetória do projétil.
Qual então é o segredo para um bom tiro? Devo mandar minha arma para algum armeiro que tem a receita para eliminar a vibração da minha carabina? Bem, você até pode fazer isso, mas não há como, fisicamente, eliminar a vibração. Pode-se atenuá-la, mas você tem que aprender a viver com ela. E como se faz isso? Você já deve ter assistido a filmes de guerra e visto grandes obuseiros atirando não? Eles tem uma vibração e um recuo num nível muito superior ao da sua arma, e no entanto são perfeitamente capazes de acertar um alvo a quilômetros de distância com precisão e exatidão. Como? Acontece que o obuseiro é deixado para vibrar livremente durante o tiro.



Você deve deixar que sua carabina faça o mesmo. Apoie apenas levemente a arma em sua mão, preferencialmente colocando a mão fraca (a mão esquerda de um atirador destro) espalmada  próximo ao ponto de equilíbrio da arma, que normalmente é logo a frente do guarda-mato ou próximo dele. Segure o grip bem de leve, quase sem tocar mais que dois ou três dedos, e mal encoste a soleira no seu ombro. Se atirar apoiado em uma bancada, nunca apoie a arma diretamente sobre o rest ou sobre sacos de areia, alvos, livros ou qualquer outra superfície. A arma deve estar sobre a sua mão. Em algumas armas mais sensíveis atiradores experientes usam apenas dois dedos para apoiar a arma. Variando um pouco a posição da mão fraca, você encontrará o ponto ideal para a sua arma. Marque-o com fita adesiva para se lembrar onde colocar a sua mão.

Peso do Gatilho: Numa arma de fogo, nós sabemos que o peso do gatilho tem grande influência no tiro. Brigar com um gatilho pesado e arrastado é uma "sofrência" que em nada ajuda a manter a concentração e o alinhamento das miras. Bem, o que acontece é que, ao contrário das armas de fogo, onde normalmente o gatilho somente segura um cão ou um percussor, nas carabinas de ar há todo o sistema de pistão-e-mola sendo retido pelo sistema de gatilho. Ou seja, ou o gatilho tem uma alavancagem que nos dá um peso leve, ou você sentirá que precisa de um alicate para apertá-lo. Por isso mesmo, muitas carabinas de pressão são fabricadas hoje com gatilhos reguláveis. meu conselho aqui é: seja muito cuidadoso. Vejo muitos gatilhos trabalhados por ditos "especialistas em tunning" que acabam ficando inseguros. Trabalhe dentro dos limites do razoável.

Miras: Dá para escrever um artigo inteiro só sobre miras, especialmente as lunetas. É muito comum no Brasil ouvir que determinada arma tem potência tão elevada que não deve ser usada com miras telescópicas. Na verdade, o que essas pessoas ainda não entenderam é que não é a potência da arma que destrói a sua luneta, mas sim a vibração excessiva na hora do tiro. Até a década de 1980, as carabinas de ar eram muito menos potentes do que as atuais, e ainda por cima ninguém usava lunetas nelas. Até que na década de 1990 tudo isso mudou, e hoje, além das carabinas serem (algumas) extremamente potentes (e "vibrantes", e não num sentido positivo!), todo mundo quer usar lunetas.  Como resolver isso? Primeiramente, use lunetas apropriadas para carabinas de ar. Use suportes e anéis robustos. Use um batente robusto, que realmente impeça a base de se deslocar para trás durante o tiro. E, se ainda assim sua mega-master-blaster-ultra-magnum carabina de ara continuar a destruir alvos e lunetas, pense em fazer um alívio na mola. Você perderá alguma velocidade, claro, mas vai ganhar muito mais ao conseguir manter o zero de sua luneta intacto após uma longa sessão de tiros.
Há um outro detalhe sobre miras: durante seu ajuste, se para zerar a sua luneta você teve que usar todo o limite de regulagem para a direita ou para cima, sua luneta pode estar enfrentando um problema de falta de pressão nas molas que sustentam o retículo. Use espaçadores entre os anéis e a luneta para que o zero seja obtido em um ponto mais central no curso das duas torretas.

Um carabina de ar bem ajustada é capaz de colocar tiro sobre tiro a distâncias surpreendentes. Se você souber tratar bem de sua carabina de pistão-e-mola, seja ela de mola metálica ou Gas Ram, ela vai lhe dar ótimos resultados, desde que você não tente transformá-la naquilo que ela não é. Muita gente no Brasil reclama mais de que sua carabina não é capaz de perfurar determinado material, quando na verdade deveria se preocupar primeiro se você é capaz de acertar o alvo, depois o que vai acontecer com ele. Uma carabina muito potente que não acerta o alvo não vale nada.

Aprenda a atirar com sua carabina antes de mandá-la para algum tunning. Use todos os seus recursos antes de substituir uma mola ou um gatilho. Você verá que às vezes as soluções estão bem dentro do seu alcance, sem grandes investimentos.

E assim sobrará mais dinheiro para você comprar mais chumbinhos, de melhor qualidade e em maior quantidade.

E bons tiros!

sexta-feira, 13 de março de 2015

O Lado Negro da Força: Carabinas PCP - Parte 2



Bem meus caros leitores, voltamos a tratar do tema PCP. Na Parte - 1, comentei um pouco sobre a minha experiência antes da compra e como foi um pouco da minha decisão de comprar uma Benjamin Discovery, que já veio de fábrica com a bomba manual.

Algumas pessoas comentaram comigo via Facebook que o fato de eu possuir uma única PCP me desqualificaria para fazer qualquer comentário sobre PCPs em geral. Essa seria uma experiência muito restrita para poder tecer comentários sobre toda uma classe de armas.

É verdade que só tenho uma PCP, mas não é verdade que minha experiência com PCPs se resuma a esta arma. Na verdade, estou querendo mostrar aos leitores deste blog como foi a minha entrada no mundo das carabinas PCP, e não testar toda a classe destas armas. O que eu aprendi (e ainda tenho muito a aprender) pode sim ser a experiência de muitos que ainda não possuem PCPs e tem que confiar na leitura de artigos escritos por outros.

Um detalhes que eu não mencionei, mas que talvez alguns leitores se ligaram é de que à época da compra da minha Discovery, a Crosman já tinha lançado  Marauder. Muito mais sofisticada que a Discovery, a Marauder é apenas um pouco mais cara do que esta, tendo um desempenho semelhante ao de suas concorrentes européias. Veja que eu disse semelhante, e não "igual" ou "melhor". Vou deixar essa discussão para os donos de Marauders...

O fato é que eu decidi não investir muito, e confesso não me arrependi. Acho a Marauder uma ótima arma, já atirei com a de um amigo, mas para mim, à época da aquisição, a melhor escolha foi a Discovery. Tem uma única coisa que a Marauder tem e faz muita falta na Discovery, e já vou chegar nisso.

Mas antes deixe-me comentar um pouco sobre a importação. Comprei a minha Discovery de um importador autorizado, que fez todo o processo de maneira que eu apenas assinei os papéis, paguei (detalhe importante), e recebi minha arma em casa. Quase um ano depois. É importante você, leitor que está indeciso saber disso, porque essa não pode ser uma compra de impulso. Eu pensei muito antes mesmo de contactar o importador, de modo que uma vez iniciado o processo, eu sabia que não iria me arrepender no meio do caminho e perder meu dinheiro, nem o tempo do dedicado importador.

Quando recebi a arma, eu já tinha lido muita coisa sobre ela. Já conhecia a história da arma, já tinha tirado duvidas com o próprio Tom Gaylord, e confesso tinha uma boa noção do que viria a seguir. Eu já possuia um cronógrafo, comprado anos antes para a arena de Airsoft. A arma, como já disse, veio em um pacote contendo também uma bomba manual. Assim que chegou eu a enchi, e apenas dei alguns disparos em casa mesmo. Primeira impressão: o nível de ruído é alto, mas não ensurdecedor. E ao contrário do que muitos descreveram, não achei nem perto do nível de um .22Short, muito menos de um .22LR. A já citada Marauder tem um supressor incorporado, chamado mais apropriadamente de "shroud" em inglês, e a diferença é realmente significativa.

Sendo assim, levei-a a um clube de tiro e lá zerei a luneta e fiz os primeiros disparos. Decepcionantes grupamentos a 25m me mostravam que alguma coisa só podia estar errado! Eu estava atirando apoiado, usando vários diferentes chumbinhos, e nenhum, absolutamente nenhum, agrupava melhor do que minha clássica Gamo 440. Impossível: cadê a perfeição das PCPs?

Voltei, li mais umas trocentas paginas na internet, e numa tarde, com o coração mais calmo e a mente mais leve, fiz o teste que todos os donos de PCPs deveriam fazer: passei a arma pelo cronógrafo.

Não estou falando de dar um ou dois tiros, nem 10 ou 12. Eu estou falando de encher o reservatório até a pressão máxima definida pelo manual (no caso, 2000PSI) e atirar até esvaziá-lo, registrando a velocidade de cada tiro um a um, até que se chegue a um limite onde a velocidade já não seja mais prática.

Esse teste consumiu uma tarde toda, e nele foram disparados 45 tiros. A pressão final, pelo manômetro da arma, era de aproximadamente uns 700PSI, e o último tiro registrou 679fps.


Observe bem o gráfico e veja que a velocidade inicial (732fps) está longe do pico, que só foi atingido no tiro de nº 28, que registrou 826fps. Quando a velocidade registrada foi menor do que a velocidade do 1º tiro da série, eu parei o teste. Com essa série registrada em mãos, pude observar que:

1) Há uma considerável variação de velocidade entre o início da série até seu final. Tirando uma média, pode-se concluir que não houve um patamar, dentro do qual os tiros tinham todos uma velocidade muito parecida. Houve uma curva ascendente e após atingir um máximo, a curva começa a declinar. Escolhi ficar com os tiros que variavam entre 800fps +/- 20fps (ou seja, entre 780 a 820fps), porque neste o ponto de impacto variou muito pouco.

2) Essa velocidade, 780fps, só foi atingida no tiro de nº 14, quando o manômetro lia algo em torno de 1700PSI. Isso quer dizer que de nada adianta eu bombear ar além de 1700PSI em minha carabina, pois qualquer pressão acima disso faz com que os tiros saiam mais lentos, e não mais rápidos.

3) posso continuar a atirar com ela até que a pressão tenha caído a aproximadamente 950PSI, quando então eu tinha dado o 38º tiro da série e que registro 779FPS. Com isso, os tiros úteis somaram 19 disparos. Na prática, sei que tenho aproximadamente 20 tiros úteis.

Esse desempenho para mim era suficiente para meu uso e nunca reclamei que a arma devia ter mais tiros úteis ou de que as velocidades deveriam ser maiores. Mas, de novo, eu já tinha lido muita coisa na internet, e muita gente comentando: tiros de até 900 FPS, com séries de mais de 35 disparos úteis. Teria eu sido presenteado com uma arma de menor desempenho? Eu acho que não. Acho os 900 FPS até podem ser alcançados, mas com o uso de pellets mais leves.

Sei também, pela experiência de colegas atiradores donos de Discoveries que com aproximadamente 1000 tiros as coisas tendem a melhorar. É como se a arma "amaciasse", e talvez eu já devesse refazer o tal teste do cronógrafo, pois os resultados podem ter melhorado de lá pra cá.

Esse tipo de teste é um pouco cansativo, requer atenção aos detalhes, e leva um certo tempo para ser feito. Por outro lado, você fará isso uma vez só (talvez duas, se você repetir o teste depois de sua arma amaciar). A informação levantada vai lhe servir como uma referência e evitar que você carregue sua arma além do ponto que ela gosta, o sweet spot. É descobrir o Ponto G de sua carabina e tornar seu relacionamento com ela mais feliz para sempre!

E quanto aos meus grupamentos? Bem, de fato melhoraram bastante depois que eu comecei a trabalhar com a Discovery dentro dos parâmetros determinados a partir deste teste, mas ainda assim, eles nunca foram espetaculares. Seria o cano? Seria o chumbinho? Seria o atirador (provavelmente...)? Ainda não sei, mas antes de tentar responder, na próxima parte, vou compartilhar com vocês os grupos que tenho conseguido com a minha Discovery.

Até a próxima.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Novo Endereço do Blog

Pessoal, tem havido uma confusão com meu blog, e quero aproveitar esse espaço para compartilhar um pouco com vocês da história disso tudo.

No final de 2011, eu e minha esposa Samanta decidimos abrir a Arena "Combate Airsoft", em Jaguariúna - SP. Para isso nós investimos pesado em equipamentos, AEGs, Coletes e demais petrechos de segurança individual, e alugamos um espaço num Rancho na cidade. Era um trecho de mata muito bonito, próximo do asfalto e de facílimo acesso.

Para divulgar o esporte e a arena, nós iniciamos um blog, que era atualizado sem uma regularidade específica, e que visava tornar tanto a arena conhecida como também agregar os atiradores que tivessem interesse no Airsoft.

De la pra cá, muita coisa aconteceu com a Arena. Acabamos tendo que sair do negócio por vários motivos de ordem pessoal, mas ficamos contentes em saber que a atividade em si nunca cessou, tendo ido para a cidade de Artur Nogueira por um período e, mais recentemente, tendo voltado para Jaguariúna, porém em outro local, igualmente de fácil acesso. Sabemos que a Arena está em muito boas mãos.

Quem havia ficado para trás nessa história era o blog. Mesmo sem ter nenhuma atualização significativa por quase dois anos, ele recebia uma boa média de visitas por mês. Era realmente uma pena deixar tal espaço sem uso.

Decidi então recomeçar o blog, somente que desta vez, ao invés de tratar exclusivamente de Airsoft, resolvi incluir Armas de Ar no escopo, já que Airsoft nada mais é que uma Arma de Ar! Faço isso porque gosto do esporte, gosto de pesquisar e escrever, e sei que há relativamente pouca informação disponível em Português sobre o assunto, se compararmos por exemplo, com o que está disponível em inglês. Não tenho nenhum patrocinador, não vendo nada, e portanto, esse blog é totalmente desinteressado, no sentido de que as informações aqui divulgadas são somente de minha responsabilidade. Links para outros negócios, como lojas e outros, são somente porque amigos estão lá atrás daquele balcão e quero que eles tenham sucesso.

Como nós mudamos um pouco o foco, nós achamos por bem mudar o endereço e levar todas as postagens para este novo site. Nele estão todas as postagens antigas e pretendemos atualizar pelo menos um vez por semana. Neste início, estou postando quase diariamente pois tenho algum material já escrito e outros testes já feitos, e quero que você, leitor, tenha um material novo para ler e comentar.

Aproveitando que nesse momento as redes sociais imperam no Brasil, estou também divulgando o blog em vários grupos de interesse no Facebook. Aproveito para agradecer imensamente aos administradores pelo espaço dado pelos grupos para divulgação do blog. A visita de vocês é muito importante para mim. Obrigado.

Com isto, tenho visto aumentar consideravelmente o número de visitas do blog. Apenas o que ainda me intriga é o fato que que a maioria, eu diria 99% dos visitantes, nada comenta. Dessa forma, fica difícil saber o que o leitor está pensando, se está gostando ou não, se tem alguma crítica a fazer, ou sequer se ele concorda com o que eu escrevi.

Ao deixar em um comentário o seu pensamento, você ajuda a construir esse espaço e melhorá-lo a cada dia. Não espero somente comentário elogiosos, mas também as críticas construtivas que vão ajudar a desenvolver mais o blog e por consequência o esporte do tiro.

Um abraço a todos.

segunda-feira, 9 de março de 2015

O Lado Negro da Força: Carabinas PCP - Parte 1

Estou "devendo" aos meus leitores por não ter postado muita coisa nos últimos tempos, mas estou decidido a mudar isso. Desde o inicio, pretendi que um novo post fosse ao ar uma vez por semana, mas já que tenho bastante material não publicado pronto, vou postando aqui com maior regularidade. Peço aos leitores que deixem suas opiniões e comentários, e quais assuntos gostariam de ver tratados nessas páginas, para que eu possa conduzir os trabalhos de maneira a atendê-los da melhor maneira possível.





Apesar do título dramático, a postagem de hoje não vai tratar de nada vindo de outro mundo. Ao contrário, eu gostaria de ajudar a desmistificar muito do que se diz por aí a respeito de PCPs, e de modo especial ajudar aqueles que, como eu, também tiveram muita dúvida se o investimento vale mesmo a pena.

O que se diz de uma PCP por aí? Que é uma arma de pressão quase perfeita, não tem recuo, tem precisão absurda a distâncias inatingíveis por qualquer carabina de pistão-e-mola. Que são as mais refinadas, as mais elaboradas, as mais elegantes, as mais-mais de todas as armas do mundo das armas de ar. Você, se ainda atira de pistão-e-mola, está atrasado. És um plebeu num mundo dominado por nobres cavaleiros e suas Carabinas PCP. As melhores carabinas do mundo são PCPs! Pelo menos é isso que eu ouvi ao longo dos anos, antes de eu mesmo comprar a minha... e descobrir a verdade.

De fato, tem muita carabina PCP digna de nota. Daystate, Evanix, Air Force, e outras vêm a mente. Todas tem donos que vão falar milhares de coisas sobre elas, e nenhum defeito será sequer mencionado. Eu confesso que sempre ficava com a mesma sensação de ir ao um encontro de carros antigos, e conversar com o dono daquele Mustang 1967: o carro do cara sempre é perfeito, e nunca ficou parado por falta de peça. E ele sempre diz que vai e volta do trabalho todo o dia com aquele carrão. Nunca perguntei o preço do seguro, se é que ele tinha um, ou quanto aquele V8 consumia (isso, para um dono de V8, é o mesmo que perguntar a idade a uma mulher).

A mesma coisa eu pensava sobre carabinas PCP. Deste lado do Paraíso nada é perfeito, então não era fisicamente possível que carabinas PCP o fossem. Alguma coisa não estava sendo dita para mim e eu não encontrava quem me contaria a verdade. Decidi descobrir por mim mesmo. Só faltava um pequeno detalhe: faltava a grana, a bufunfa, a pila, o cascáio, os dólar, as verdinha, enfim, o dinheiro necessário para investir em tudo o que era preciso para uma PCP funcionar. E pior que isso: faltava a autorização da dona da pensão (essa parte às vezes é trash)!

Eis que então a solução para meus problemas é lançada: aparentemente eu não sou o único ser humano na Terra que queira experimentar uma PCP sem ter que vender a casa para isso. Surgiu então a resposta para os nossos problemas: a carabina Benjamin Discovery.

A Benjamin Discovery nasceu de uma proposta feita para a Crosman (dona da marca Benjamin) pelo escritor Tom Gaylord de uma carabina PCP baseada nos modelos daquela marca feitos para operar com CO2, e que pudessem utilizar baixa pressão para funcionamento, ao redor de 2000PSI, ao invés do que unânimes 3000PSI que os outros fabricantes utilizavam. Além disso, a carabina seria simples o bastante para ser um modelo de entrada no mundo das PCP. A Crosman lançou-a em um pacote contendo até uma bomba manual, de modo a que neste pacote, o atirador nem precisasse se preocupar com acessórios.

Pois bem, a carabina foi inicialmente muito bem recebida nos EUA, mas só lá. Na Europa, e no Reino Unido em particular, a Discovery fez muito pouco sucesso entre atiradores acostumados a Daystates, Air Arms, BSAs e outras sofisticadas carabinas PCP. Era um Fusca sendo oferecido num mercado de Bentleys, Rolls-Royces e Mercedes. E novamente eu lia que tudo era espetacular nas PCPs, simples ou sofisticadas que fossem.

Demorei muito a me decidir, até que há uns 3 anos atrás eu finalmente entrei para o Lado Negro da Força e comprei minha primeira PCP. Sim, uma Benjamin Discovery, num pacote já contendo a bomba manual.

Eu já consigo imaginar os proprietários de PCPs mais sofisticadas lendo isso e comentando consigo mesmos: "mas Fred, numa Discovery você realmente não vai usufruir de tudo o que é de bom e de melhor numa PCP", mas por favor acompanhe um pouco mais da saga, pois as descobertas foram muito, mas muito interessantes. O nome da nova carabina não podia ter sido mais feliz: é realmente uma descoberta!



E por que eu me refiro ao Lado Negro da Força quando falo de PCPs? Porque ao contrário de uma carabina de pistão-e-mola ou de uma pneumática multi-pump, sem alguns acessórios você não atira com uma PCP. É necessário no mínimo, uma bomba manual (que como já mencionei, é fornecida com a Discovery em uma de suas versões) ou um cilindro de ar comprimido. Em alguns casos, são necessários adaptadores, mangueiras especiais, e outros apenas para enchê-la com ar, e isso tudo custa caro. Mas não é apenas isso: eu descobri que sem um cronógrafo, é praticamente impossível tirar o melhor de uma PCP, como veremos em tempo.

Todo esse investimento pode te custar mais caro que a própria arma. A única vantagem é que eles podem ser utilizados com qualquer carabina PCP (desde que os adaptadores estejam disponíveis pois não há um padrão no mercado e cada fabricante usa o que ele entende se o melhor). Por isso mesmo é que, uma vez tendo feito o investimento inicial, você entrou para o mundo das PCPs, para o Lado Negro da Força, e está livre para comprar outras PCPs que lhe agradem investindo agora somente na arma em si.

Eu confesso que ainda não tenho um cilindro de ar comprimido. Mas já usei um e vou comentar com vocês a minha experiência, que teve um lado bom e um lado ruim (e o ruim não é o fato de ter que recarregá-lo em uma loja de mergulho). Tenho empregado a minha PCP quase exclusivamente com bomba manual, e não morri por causa disso. Mas tenho algumas experiências a compartilhar no uso desta bomba em outras armas que podem trazer a luz algumas questões bem interessantes.

Até agora, qual tem sido o veredicto? Bem, minha PCP ainda não me convenceu totalmente da tal superioridade do sistema PCP sobre todos os outros. Acho muito interessante, e aprendo todos os dias algo novo, mas não tenho certeza de que, se eu tivesse que escolher somente uma única arma de pressão eu escolheria uma PCP.

Ainda há muito o que se discutir, então vou parando por aqui para não cansá-los. Na parte 2, vou comentar um pouco mais sobre o uso do cronógrafo e sobre bombas x cilindros. Acompanhe o blog, e comente o que achou deste e de outros posts. Fique a vontade para discordar: é disso que o mundo é feito, e eu não aprenderia nada se vocês não adicionarem suas experiências às minhas. Por isso, escreva algo se você já atirou com uma PCP e nos conte como foi.

Até mais.


quinta-feira, 5 de março de 2015

Como importar Armas de Airsoft e Carabinas de Pressão

Há algum tempo atrás, em um blog sobre por que pagar para jogar Airsoft, comentei brevemente sobre os preços das armas importadas no Brasil, motivo de reclamação de 9 entre 10 atiradores brasileiros. Descontando a alta do dólar (neste momento em que escrevo, a cotação está batendo os R$ 3,00), os motivoss destes preços altos estão muito mais ligados aos impostos incidentes do que sobre o lucro dos importadores. Em virtude deste estigma, de que os importadores lucram muito, vários atiradores querem ter a possibilidade de importar diretamente, como pessoa física, uma arma de Airsoft.

Esta é uma das consultas mais frequentes à Secção de Fiscalização de Produtos Controlados, órgão do Exército Brasileiro responsável pelo controle de armas e munições no país. Sendo assim, replico aqui um link para as explicações bem detalhadas do SFPC sobre o assunto, e espero com isso esclarecer o tema para quem deseja importar Airsoft ou Carabinas de Pressão.