sexta-feira, 13 de março de 2015

O Lado Negro da Força: Carabinas PCP - Parte 2



Bem meus caros leitores, voltamos a tratar do tema PCP. Na Parte - 1, comentei um pouco sobre a minha experiência antes da compra e como foi um pouco da minha decisão de comprar uma Benjamin Discovery, que já veio de fábrica com a bomba manual.

Algumas pessoas comentaram comigo via Facebook que o fato de eu possuir uma única PCP me desqualificaria para fazer qualquer comentário sobre PCPs em geral. Essa seria uma experiência muito restrita para poder tecer comentários sobre toda uma classe de armas.

É verdade que só tenho uma PCP, mas não é verdade que minha experiência com PCPs se resuma a esta arma. Na verdade, estou querendo mostrar aos leitores deste blog como foi a minha entrada no mundo das carabinas PCP, e não testar toda a classe destas armas. O que eu aprendi (e ainda tenho muito a aprender) pode sim ser a experiência de muitos que ainda não possuem PCPs e tem que confiar na leitura de artigos escritos por outros.

Um detalhes que eu não mencionei, mas que talvez alguns leitores se ligaram é de que à época da compra da minha Discovery, a Crosman já tinha lançado  Marauder. Muito mais sofisticada que a Discovery, a Marauder é apenas um pouco mais cara do que esta, tendo um desempenho semelhante ao de suas concorrentes européias. Veja que eu disse semelhante, e não "igual" ou "melhor". Vou deixar essa discussão para os donos de Marauders...

O fato é que eu decidi não investir muito, e confesso não me arrependi. Acho a Marauder uma ótima arma, já atirei com a de um amigo, mas para mim, à época da aquisição, a melhor escolha foi a Discovery. Tem uma única coisa que a Marauder tem e faz muita falta na Discovery, e já vou chegar nisso.

Mas antes deixe-me comentar um pouco sobre a importação. Comprei a minha Discovery de um importador autorizado, que fez todo o processo de maneira que eu apenas assinei os papéis, paguei (detalhe importante), e recebi minha arma em casa. Quase um ano depois. É importante você, leitor que está indeciso saber disso, porque essa não pode ser uma compra de impulso. Eu pensei muito antes mesmo de contactar o importador, de modo que uma vez iniciado o processo, eu sabia que não iria me arrepender no meio do caminho e perder meu dinheiro, nem o tempo do dedicado importador.

Quando recebi a arma, eu já tinha lido muita coisa sobre ela. Já conhecia a história da arma, já tinha tirado duvidas com o próprio Tom Gaylord, e confesso tinha uma boa noção do que viria a seguir. Eu já possuia um cronógrafo, comprado anos antes para a arena de Airsoft. A arma, como já disse, veio em um pacote contendo também uma bomba manual. Assim que chegou eu a enchi, e apenas dei alguns disparos em casa mesmo. Primeira impressão: o nível de ruído é alto, mas não ensurdecedor. E ao contrário do que muitos descreveram, não achei nem perto do nível de um .22Short, muito menos de um .22LR. A já citada Marauder tem um supressor incorporado, chamado mais apropriadamente de "shroud" em inglês, e a diferença é realmente significativa.

Sendo assim, levei-a a um clube de tiro e lá zerei a luneta e fiz os primeiros disparos. Decepcionantes grupamentos a 25m me mostravam que alguma coisa só podia estar errado! Eu estava atirando apoiado, usando vários diferentes chumbinhos, e nenhum, absolutamente nenhum, agrupava melhor do que minha clássica Gamo 440. Impossível: cadê a perfeição das PCPs?

Voltei, li mais umas trocentas paginas na internet, e numa tarde, com o coração mais calmo e a mente mais leve, fiz o teste que todos os donos de PCPs deveriam fazer: passei a arma pelo cronógrafo.

Não estou falando de dar um ou dois tiros, nem 10 ou 12. Eu estou falando de encher o reservatório até a pressão máxima definida pelo manual (no caso, 2000PSI) e atirar até esvaziá-lo, registrando a velocidade de cada tiro um a um, até que se chegue a um limite onde a velocidade já não seja mais prática.

Esse teste consumiu uma tarde toda, e nele foram disparados 45 tiros. A pressão final, pelo manômetro da arma, era de aproximadamente uns 700PSI, e o último tiro registrou 679fps.


Observe bem o gráfico e veja que a velocidade inicial (732fps) está longe do pico, que só foi atingido no tiro de nº 28, que registrou 826fps. Quando a velocidade registrada foi menor do que a velocidade do 1º tiro da série, eu parei o teste. Com essa série registrada em mãos, pude observar que:

1) Há uma considerável variação de velocidade entre o início da série até seu final. Tirando uma média, pode-se concluir que não houve um patamar, dentro do qual os tiros tinham todos uma velocidade muito parecida. Houve uma curva ascendente e após atingir um máximo, a curva começa a declinar. Escolhi ficar com os tiros que variavam entre 800fps +/- 20fps (ou seja, entre 780 a 820fps), porque neste o ponto de impacto variou muito pouco.

2) Essa velocidade, 780fps, só foi atingida no tiro de nº 14, quando o manômetro lia algo em torno de 1700PSI. Isso quer dizer que de nada adianta eu bombear ar além de 1700PSI em minha carabina, pois qualquer pressão acima disso faz com que os tiros saiam mais lentos, e não mais rápidos.

3) posso continuar a atirar com ela até que a pressão tenha caído a aproximadamente 950PSI, quando então eu tinha dado o 38º tiro da série e que registro 779FPS. Com isso, os tiros úteis somaram 19 disparos. Na prática, sei que tenho aproximadamente 20 tiros úteis.

Esse desempenho para mim era suficiente para meu uso e nunca reclamei que a arma devia ter mais tiros úteis ou de que as velocidades deveriam ser maiores. Mas, de novo, eu já tinha lido muita coisa na internet, e muita gente comentando: tiros de até 900 FPS, com séries de mais de 35 disparos úteis. Teria eu sido presenteado com uma arma de menor desempenho? Eu acho que não. Acho os 900 FPS até podem ser alcançados, mas com o uso de pellets mais leves.

Sei também, pela experiência de colegas atiradores donos de Discoveries que com aproximadamente 1000 tiros as coisas tendem a melhorar. É como se a arma "amaciasse", e talvez eu já devesse refazer o tal teste do cronógrafo, pois os resultados podem ter melhorado de lá pra cá.

Esse tipo de teste é um pouco cansativo, requer atenção aos detalhes, e leva um certo tempo para ser feito. Por outro lado, você fará isso uma vez só (talvez duas, se você repetir o teste depois de sua arma amaciar). A informação levantada vai lhe servir como uma referência e evitar que você carregue sua arma além do ponto que ela gosta, o sweet spot. É descobrir o Ponto G de sua carabina e tornar seu relacionamento com ela mais feliz para sempre!

E quanto aos meus grupamentos? Bem, de fato melhoraram bastante depois que eu comecei a trabalhar com a Discovery dentro dos parâmetros determinados a partir deste teste, mas ainda assim, eles nunca foram espetaculares. Seria o cano? Seria o chumbinho? Seria o atirador (provavelmente...)? Ainda não sei, mas antes de tentar responder, na próxima parte, vou compartilhar com vocês os grupos que tenho conseguido com a minha Discovery.

Até a próxima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário. Ele será revisado e em breve será publicado.